“O país está empenhado na transição energética”
Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e da Ação Climática, defende que Portugal pode conquistar um lugar de destaque com a transformação energética que o mundo está a fazer. Possui sol, mar, vento, um porto de águas profundas, em Sines, e está empenhado em alavancar todas estas oportunidades através de uma série de projetos estruturantes para o país.
A “Portugal Energy Conference” decorreu no passado dia 8 de junho e está integrada na iniciativa Elétrica Summit, organizada pelo Negócios, SÁBADO e CMTV, em parceria com a Galp. Trata-se de um grande projeto de informação para debater a transição energética energia e da mobilidade sustentável.
O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, esteve presente na conferência para falar sobre a aposta na produção de hidrogénio verde e potenciar o valor de Sines como porto de transbordo (transshipment), bem como continuar a investir nas energias solar e eólica, são alguns dos objetivos que poderão pôr Portugal não só na vanguarda da transição energética, como também num lugar de destaque à escala europeia e até internacional. “Não restam dúvidas de que o país está empenhado na transição energética, seja porque temos enquadrado aquilo que são novos mercados e novos modelos energéticos inovadores na nossa legislação, seja porque temos procurado desenvolver planos e estratégias que visam impulsionar este novo paradigma energético”, referiu Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e da Ação Climática, no “Portugal Energy Conference”, uma iniciativa organizada pelo Negócios, Sábado e CMTV, para colocar na agenda mediática o futuro da energia, que teve lugar, no dia 8 de junho, em Lisboa.
Para o ministro, os efeitos positivos das energias renováveis não se restringem às dimensões ambiental e energética. Para Duarte Cordeiro, “a transição energética é central para o crescimento económico, porque a subida do investimento proporciona a criação de mais e melhor emprego”. Além disso, é uma oportunidade para trabalhar a equidade social, na medida em que “a transição energética também tem de ser uma transição justa, que inclui as pessoas e a dimensão social”.
Portugal foi o primeiro país do mundo a assumir o compromisso de neutralidade carbónica em 2050 e tem uma quota de energias renováveis acima da média europeia e a crescer a cada ano. Para isso, contribuem várias estratégias, como o Plano Nacional de Energia e Clima 2030 ou a Estratégia Nacional para o Hidrogénio, bem como vários projetos estruturantes para o país. “Falar de transição energética em Portugal é falar de projetos estruturantes”, referiu Duarte Cordeiro.
Um deles é o leilão da produção energética eólica offshore, que o Governo pretende preparar no decorrer deste ano para que a licitação ocorra no próximo. “É um processo complexo, exigente e também ambicioso. O nosso propósito é fazer um leilão com uma dimensão inédita, tentando ultrapassar alguns dos valores: 6 a 8 gigawatts. Nós queremos superar as nossas próprias metas. Ao realizar um leilão com esta ambição, nós também vamos procurar suprir as necessidades futuras de eletrificação da nossa economia e dar resposta à elevada procura de eletricidade verde, com muitos projetos, nomeadamente um conjunto muito significativo de projetos que queremos que se instalem em Sines, relacionados com a produção de gases renováveis”, referiu o ministro na conferência.
Sines surge assim como protagonista no país. Este porto de águas profundas representa, segundo o ministro do Ambiente, “uma oportunidade de posicionar Portugal como um ator relevante na área do hidrogénio à escala europeia e internacional. Se nós queremos acelerar a transição energética e queremos descarbonizar a economia na próxima década, o país tem de apostar na produção e incorporação de volumes crescentes de gases renováveis, como o hidrogénio verde.” Este porto pode vir a ser crucial na produção de hidrogénio a nível europeu. São para isso necessárias infraestruturas e interconexões com o resto do continente para esse efeito. Sines tem também potencial para fazer o transshipment de energia para o Norte da Europa e ajudar, desta forma, a suprimir a dependência enérgica destes países da Rússia. “Nós acreditamos que, com as atuais infraestruturas e com alguns investimentos, o porto de águas profundas de Sines também pode ganhar relevância no atual quadro de construção de alternativas àquilo que é o fornecimento de gás da Rússia”, assinalou Duarte Cordeiro.
O ministro refere um cluster composto por vários projetos que se encontram em várias fases de desenvolvimento, nas áreas de hidrogénio, mas também de biometano e gases renováveis, que podem ser decisivos na descarbonização de vários setores da economia como alternativas aos combustíveis fósseis, e sobre o qual o ministro referiu que “temos cerca de 715 milhões de euros nos próximos cinco anos para investir nestas áreas”.
Também a área solar é estruturante para o país, querendo o Governo ampliar várias iniciativas. O ministro destacou o lançamento de leilões para a instalação de centros eletroprodutores com capacidade de injeção na rede, bem como a aposta na inovação, como é o caso da instalação de soluções solares flutuantes, e a promoção da produção de energia descentralizada para servir comunidades em regime de autoconsumo. Por fim, o ministro referiu que “temos de aproveitar a oportunidade que temos do ponto de vista dos nossos recursos naturais e não olhar para estas crises como uma desculpa para retroceder. Pelo contrário, temos de olhar em frente e fazer este caminho, não deixando ninguém para trás.”