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Principal desafio é alterar o comportamento dos cidadãos face à mobilidade

Principal desafio é alterar o comportamento dos cidadãos face à mobilidade

Lisboa quer reduzir o uso de veículo privado em 12%. Cascais investiu em novos autocarros, agora de uso gratuito, e mesmo assim só aumentou em 10% o uso do transporte público. Matosinhos luta contra uma rede de suporte do transporte público que não é uniforme em todo o território.

Falar dos desafios da mobilidade em Lisboa implica alargar o espectro geográfico para além da urbe, tendo de abraçar a área metropolitana, o que constitui, segundo Francisca Ramalhosa, diretora municipal de Mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa, um verdadeiro repto pois implica envolver vários municípios, operadores e entidades.

No painel intitulado “Nova mobilidade sustentável nas smart cities”, a diretora identificou ainda a alteração da repartição modal como outro dos desafios. Hoje, Lisboa tem 46% de uso de veículo privado, algo que tem de ser alterado quando se quer trabalhar a sustentabilidade e redução de emissões. “Lisboa tem o objetivo de reduzir em 12% até 2030, ou seja, passar para 34%”. Uma redução que pode parecer pouca mas que, segundo Francisca Ramalhosa, implica um grande investimento num sistema de transportes sustentável, seguro e fiável. “Lisboa tem feito um investimento na Carris, quer ao nível da aquisição de novos autocarros, mais corredores BUS, melhor serviço e extensão da rede.” Outro investimento tem sido na promoção da denominada mobilidade suave, conceito que hoje já faz parte do léxico das cidades. “Nas bicicletas, temos investido não só na infraestrutura, ou seja, na rede ciclável, mas também num sistema de bicicletas partilhadas que tem tido muito sucesso e crescimento”. Hoje, são cerca de 1.600 as bicicletas, repartidas por 143 estações ativas.

É urgente mudar o comportamento

Para Cascais, o grande desafio assumido é a “mudança de comportamento”, admite Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais. “Fizemos um esforço, temos uma rede de transportes totalmente nova, 100 autocarros com zero quilómetros, wi-fi gratuito, possibilidade de carregar o telemóvel, CCTV a bordo… Os transportes públicos em Cascais são completamente gratuitos para todos, mas a verdade é que só tivemos 10% de aumento do lado da procura.”

O autarca garante que a oferta foi “dramaticamente aumentada”, os quilómetros produzidos por ano duplicaram, agora centrados nos sete milhões de quilómetros, mas a adesão tem sido relativamente baixa. “Para atuar do lado da procura, penso que o grande desafio é a decisão política. Os decisores só têm mandatos de quatro anos e, geralmente, têm medo de tomar decisões. Falo em causa própria e sem qualquer tipo de complexos.” Miguel Pinto Luz está convicto de que, muitas vezes, são decisões difíceis, como seja impedir a utilização do carro individual, incentivos positivos à utilização do transporte público… “Decisões difíceis, mas que têm de ser tomadas. Ponto final.”

Aliás, Miguel Pinto Luz assevera que hoje os municípios já estão a trabalhar em rede e que “a Área Metropolitana de Lisboa  tem um sistema que funciona, em sinergia, os municípios falam uns com os outros, independentemente das opções”, disse na conferência. “Os municípios estão a fazer tudo o que podem, assim como os operadores. Agora, temos de, coletivamente, ter coragem para tomar decisões claras e objetivas para reduzir a necessidade de utilização do transporte individual. É difícil, mas temos de o fazer.”

Os jovens como promotores da mensagem

Também Carlos Manuel Amorim da Mouta, vice-presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, assume a mudança de comportamento como o grande desafio, apesar de esta geografia estar longe do panorama descrito em Cascais por Miguel Pinto Luz. A rede de suporte do transporte público em Matosinhos não é uniforme em todo o território, para além de ainda não haver abrigos cobertos em todas as paragens. “Apesar dos apoios que damos, os tarifários ainda são difíceis para muitas famílias suportarem.”

A autarquia aposta, por isso, em cultivar um conjunto de hábitos de vida, como de resto aconteceu com o tema reciclagem ou segurança.  “Os mais jovens, não comprando veículos elétricos, são os grandes promotores do que é a preservação do planeta, desenvolvimento sustentável… e temos de ir um pouco à boleia disso. Temos muito trabalho a fazer antes de entrarmos nas questões mais técnicas”.

Amorim da Mouta mencionou ainda o novo urbanismo, explicando que Matosinhos está praticamente todo consolidado, incidindo agora o trabalho em ruas preexistentes. “Há poucas zonas do território que sejam uma tela em branco”, disse. “Temos ruas com passeios de 20 centímetros, nem sequer é aceitável para uma deslocação pedonal, quanto mais uma ciclovia ou um canal para bus.” É esta dificuldade que o concelho atravessa, diz o vice-presidente, entre o património já edificado e o que a autarquia acredita ir ser o futuro das cidades.

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