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O futuro está nas cidades… inteligentes

O futuro está nas cidades… inteligentes

Não é possível alcançar a mobilidade sustentável sem tornar as cidades mais inteligentes. Mas o que são ao certo as smart cities?

Nem todas as virtudes — e nem todos os males — estão nas cidades, mas a maior parte da população mundial, sim. 55% dos habitantes do planeta vivem atualmente em centros urbanos, dados que a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que possam ascender a 70% em 2050. Índia, China ou Nigéria são alguns dos países onde estes indicadores se manifestam de forma mais acentuada, mas a tendência é geral e manifesta-se também no nosso país.

Os Censos 2021 mostram que as zonas rurais continuam a perder gente para os grandes centros, estando agora 50% da população portuguesa concentrada em apenas 31 concelhos (de 308) e quase todos nas regiões de Lisboa e Porto. Esta concentração tem implicações tanto na qualidade de vida dos habitantes, como no próprio planeta. Se é verdade que o crescimento económico passa, sobretudo, pelas cidades — 60% do PIB mundial, segundo a OCDE — também a poluição é uma das imagens de marca dos centros urbanos, responsáveis por mais de 75% de emissões de gases com efeito de estufa. Isto cria um paradoxo ao qual tem sido difícil escapar: as mesmas cidades que se apresentam como a melhor, tantas vezes a única, possibilidade em termos profissionais são as mesmas em que a vida (e a mobilidade) se pode tornar insustentável.

Os responsáveis políticos estão cada vez mais conscientes desta encruzilhada. “A Mobilidade Sustentável é um desígnio aparentemente simples, mas como a própria experiência nos mostra, é muito mais complexo do que pode parecer à primeira vista. A mobilidade e os transportes são, como todos bem sabemos, um pilar cada vez mais essencial nas nossas vidas. E conseguir que essa mobilidade seja sustentável e acessível, nas mesmas condições a todos os cidadãos, é um desafio ainda maior. Só é livre o cidadão a quem o Estado dá todas as condições para chegar ao trabalho a horas, para deixar os filhos na escola sem atrasos, para aceder a um hospital a tempo de receber os tratamentos adequados.” Palavras de Jorge Delgado, secretário de Estado da Mobilidade Urbana, durante o Seminário “A Nova Mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa”.

Muito mais do que tecnologia

A solução passa por criar cidades mais inteligentes, mais amigas das pessoas e do ambiente. As denominadas smart cities. Jorge Cristino, autor do livro A Missão das Cidades no Combate às Alterações Climáticas, reforça a ideia de que não há mudança de mentalidades e de paradigma sem a ajuda e o comprometimento destas. “É com as autarquias que se consegue criar uma relação de proximidade com os cidadãos para se adotarem novos hábitos de vida e de consumo e é com as autarquias que se consegue estabelecer uma relação de compromisso com os governos centrais e as organizações internacionais”, refere. Convém, contudo, esclarecer alguns equívocos. As smart cities são, muitas vezes, reduzidas à questão tecnológica. Tal como o conceito “cidade verde” tende a ser associado apenas ao número de árvores ou de jardins. Uma cidade inteligente é muito mais do que isso. A União Europeia define-a como um “conjunto de sistemas e de pessoas que interagem de forma inteligente, usando energia, materiais, serviços e recursos de forma sustentável”. Cidades em que a tecnologia é colocada ao serviço da gestão autárquica de forma a proporcionar aos seus cidadãos uma melhor qualidade de vida e sustentabilidade dos espaços.

Deloitte dita tendências

A pandemia pode ter ajudado a colocar algumas dos dramas urbanos em evidência — quem não se lembra das cidades quase desertas, sem trânsito, durante o período de confinamento? —, mas também travado algumas mudanças. Situação que levou a consultora Deloitte a recomendar às cidades 12 “medidas” que devem usar como guia para se reconstruírem, aproveitando a tecnologia e a inovação pós-pandemia como ferramentas. Um estudo internacional denominado “Urban Future with a Purpose: 12 tendências que marcam o futuro das cidades até 2030”, e que foi coordenado pela Deloitte lusitana. Recorreram a entrevistas com líderes e especialistas de diversas áreas, incluindo responsáveis de cidades em várias regiões do globo, líderes de organizações internacionais, instituições de políticas públicas, urbanistas e investigadores. De entre os municípios portugueses, destaque para a participação do Porto e Cascais.

12 recomendações Deloitte

  1. Planeamento verde de espaços públicos. Planear e desenhar cidades para as pessoas, com ruas “verdes” e espaços públicos como centros de sociabilidade;
  2. Cidades dos 15 minutos. Projetar bairros onde a maioria dos serviços se encontre a cerca de 15 minutos de distância a pé ou de bicicleta;
  3. Serviços e planeamento inclusivos. Fazer os governos locais procurarem abordagens e serviços inclusivos, que garantam participação, acesso a habitação e igualdade de oportunidades a todos os cidadãos;
  4. Comunidades de saúde inteligentes. Desenvolver ecossistemas de saúde que não se concentram apenas no diagnóstico e tratamento de doenças, mas também no apoio ao bem-estar através de intervenção e prevenção precoces;
  5. Mobilidade: inteligente, sustentável e as-a-service. Criar mais espaços para caminhadas e mais ciclovias, de forma a oferecer mobilidade digital, limpa, inteligente, autónoma e intermodal;
  6. Ecossistemas de inovação digital. Atrair talento, estimular a criatividade e o pensamento disruptivo, a fim de desenvolver a cidade através de ecossistemas de inovação;
  7. Economia circular e produção local. Adotar modelos circulares baseados numa circulação saudável de recursos e nos princípios de partilha, reutilização e restauro;
  8. Participação em massa. Promover a participação em massa e de forma colaborativa de todos os cidadãos (academias, empresas, associações);
  9. Cibersegurança e consciência da privacidade. Criar estratégias e políticas robustas de cibersegurança para lidar com os crescentes riscos cibernéticos e questões de privacidade;
  10. Edifícios e infraestruturas inteligentes e sustentáveis. Alavancar as tecnologias digitais para poderem usar dados para otimizar o consumo de energia e o uso de recursos em edifícios e infraestruturas;
  11. Inteligência artificial aplicada às operações da cidade. Utilizar a inteligência artificial e as infraestruturas tecnológicas para melhorar a automação de operações, resolver problemas e oferecer melhores serviços;
  12. Inteligência artificial aplicada à vigilância e policiamento preditivo. Tirar partido da tecnologia para garantir a segurança pública, tendo em atenção o respeito pelas liberdades dos cidadãos.

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