Mobilidade sustentável é obrigatória para descarbonizar o setor dos transportes
Eletrificação, hidrogénio e biocombustíveis são algumas das apostas da Galp para contribuir para uma mobilidade mais sustentável, que contribua para a descarbonização do setor dos transportes.
A energia é hoje central nas agendas não só dos agentes económicos, mas na sociedade como um todo, disse Teresa Abecasis, COO Comercial da Galp na sua intervenção no Electric Summit. “Falar de mobilidade pela Galp é relativamente fácil, está no seu ADN há anos, toda a nossa história é à volta da mobilidade”. A marca está presente na vida dos portugueses através dos postos de abastecimento – que hoje ultrapassam os 700 –, onde “cada português sabe que encontra as soluções para a sua mobilidade, seja para o seu carro, mas também nas lojas, quando precisamos de alguma energia para continuar a nossa viagem”.
Mas nem só nesta “vertente histórica” a Galp está presente. Há quase 15 anos a marca começou a pensar a mobilidade elétrica tendo sido, em 2010, segundo Teresa Abecasis, pioneira na instalação do primeiro ponto de carregamento rápido numa estação de serviço da Europa. “Já estamos nisto há algum tempo e faz todo o sentido para nós falarmos sobre a mobilidade sustentável.”
Aliás, para Teresa Abecasis é obrigatório falar de mobilidade sustentável pela necessidade de descarbonizar o setor dos transportes. “A ciência diz-nos que se queremos fazer alguma paragem no aquecimento que estamos a observar e se queremos ficar abaixo destes 1,5 graus que nos colocam como meta, temos de entrar num caminho que nos conduz à descarbonização até 2050.”
Europa na vanguarda
A responsável admite que a Europa tem assumido a vanguarda nesta discussão, marcando como objetivo no pacote de propostas legislativas Fit for 55 alcançar a meta de reduzir as emissões de CO2 em pelo menos 55%, até 2030. No setor dos transportes, o modo rodoviário é responsável por 20% destas emissões.
Na área da mobilidade elétrica, segundo Teresa Abecasis, a Galp terminou 2021 líder no número de pontos de carregamentos em Portugal, com cerca de mil. Um número entretanto já ultrapassado, havendo hoje em território nacional mais de 1300 pontos, um valor que deverá ser duplicado até ao final do ano. O objetivo é, em 2025, ultrapassar a meta de 10 mil pontos de carregamento num contexto ibérico.
Por forma a dar confiança ao mercado de que existe infraestrutura que permita a transição para o carro elétrico de uma forma confortável, a marca tem presença tanto na via pública como em espaços privados, para além dos próprios postos de abastecimento ou parques de estacionamento, assim como em outras localizações “onde possa fazer sentido”. A COO admite que a Galp está a trabalhar pontos dedicados de carregamento elétrico, os denominados hubs ou centros de carregamento, a fazer lembrar as bombas de gasolina. Para já, a marca está a trabalhar em nove localizações diferentes.
Muito brevemente, a Galp deverá ainda fazer parte da infraestrutura que ligará Lisboa a Madrid com soluções de carregamento “para dar todo o conforto para quem tenha de fazer uma viagem com carro elétrico”. Teresa Abecasis mencionou ainda as soluções para condomínio que contribuam para a otimização da forma como a eletricidade é utilizada. “Carregar um carro elétrico pode custar até menos 30% se o fizermos no sítio certo. A eletricidade pode custar metade se o fizermos na hora certa.”
Hidrogénio (também) é solução
No entanto, a mobilidade elétrica é apenas uma parte deste imenso puzzle que é a mobilidade sustentável. Para a responsável, a eletrificação está relativamente provada para o transporte rodoviário e de passageiros, mas a densidade energética de uma bateria é um centésimo da densidade energética da gasolina. “Ou seja, preciso de 100 vezes mais espaço para conseguir a mesma energia”, salientou a COO. “Isto não é viável para o transporte de longas distâncias ou pesados. Nestes casos, dificilmente a eletrificação será a solução.” Transporte marítimo, aéreo ou de pesados são disso exemplo. Aqui, o hidrogénio ganha particular relevância, entendido como uma solução que permite, tecnologicamente, ultrapassar a condicionante da densidade energética e servir de solução descarbonizada para este tipo de transporte.
Na sua intervenção, Teresa Abecasis admite que Sines é o polo de desenvolvimento de muitas destas soluções por parte da Galp. “O que hoje é uma refinaria tradicional pretende ser, dentro de pouco tempo, um parque de energia verde, com uma unidade de biocombustíveis avançados, feitos a partir de matérias-primas residuais ou específicas”. Desde 2013 que a marca trabalha biocombustíveis numa unidade de mais pequena dimensão, com capacidade para 30 mil toneladas, quando a nova unidade deverá ascender às 300 mil toneladas. “Estamos a mudar a escala.” A produção de hidrogénio verde, considerada pela COO como “a parte mais poética da energia”, foi ainda mencionada por Teresa Abecasis.