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Europa tem de recriar uma cadeia de abastecimento

Europa tem de recriar uma cadeia de abastecimento

A indústria está a mover-se de forma particularmente rápida. De acordo com o ecossistema, toda a cadeia de abastecimento pode estar a 1.000 e 1.500 quilómetros de distância, um desafio que a Europa terá de endereçar.

É essencial produzir lítio com uma baixa pegada de carbono para que assim se torne num valioso elemento na produção de veículos elétricos, disse David Archer, CEO da Savannah Resources, que se juntou ao painel “A cadeia de valor das baterias de lítio” de forma virtual. Esta tem sido uma questão fundamental para esta empresa de prospeção e desenvolvimento mineiro, com David Archer a anunciar estarem a ser realizados estudos de viabilidade e preliminar, incluindo trabalho de testes metalúrgicos. “O que temos provado é que este é um projeto que tem muito boas subcaracterísticas do ponto de vista de ser capaz de recuperar o lítio em quantidades económicas, providenciando um retorno do investimento satisfatório.”

Relativamente à exploração em Portugal – o Projeto Lítio do Barroso, detido pela Savannah a 100% desde junho de 2019, contém o recurso de espodumena de lítio mais significativo da Europa Ocidental –, o CEO tem grandes expectativas, estando agora no processo de obter as devidas autorizações, a conclusão dos estudos de engenharia e as obras de construção. Só depois poderá começar a produção comercial, o que deverá, segundo David Archer, acontecer em 2025.

Sofia Simões, investigadora da Unidade de Recursos do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), admite que a competitividade de uma exploração mineira, em particular do lítio, é quase o segredo do modelo de negócio da empresa. “Por isso, depende muito desse modelo de negócio, de como vai ser feita a exploração e, claro, das características geológicas do terreno”. Outros fatores salientados pela investigadora são os custos da exploração no local, o processamento nesse mesmo local (se acontece ou não) e os custos do transporte. Tudo isto, diz Sofia Simões, são elementos que ditam a competitividade da exploração de lítio no nosso país.

São muitas as externalidades negativas

Relativamente às externalidades negativas, a investigadora diz serem muitas, fazendo desde logo um “disclaimer” ao assumir que, sendo da área do ambiente, considera não haver nenhuma energia verde. “É uma pena, mas isso não existe, todas elas têm impactos ambientais e sociais enormes. A Europa, e Portugal em particular, está preocupada em fazer uma transição climática sustentável e justa, daí haver tanta contestação social. Desde que se começa a falar de uma mina até ela entrar em operação é normal passarem-se períodos de 10 ou 15 anos, incluindo na Finlândia.” Assim, também por causa das externalidades ditas negativas, sejam ambientais e sociais, há muita contestação, sendo preciso gerir este “tradeoff”, explica Sofia Simões. A investigadora apela a um maior esforço de diálogo entre todos os intervenientes, nomeadamente as populações locais.

Enrique Abad Perez, head of New Business da Galp, elabora que é necessário ver toda esta questão de uma perspetiva global. “A Europa vai ser um dos maiores consumidores de veículos elétricos, com 20% das vendas globais. Ou seja, 10 milhões de veículos vão ser comercializados em 2030”, o que constitui uma enorme capacidade não só para a Europa Central, onde a maioria dos desenvolvimentos estão a acontecer, mas para outras geografias, como Espanha, França ou mesmo Portugal.

Questionado sobre quem se está a mover mais rapidamente, Enrique Abad Perez relembra que construir uma indústria não é imediato, demora muito tempo. “Tendo em conta que a Alemanha deveria ser o país a mover-se em primeiro lugar, já que é o maior construtor europeu, posso dizer que Espanha, França e Itália estão a avançar de forma bastante rápida”, nomeadamente fruto dos incentivos de recuperação.

Aliás, o head of New Business da Galp relembra que a Ibéria é o segundo maior construtor automóvel da Europa, que terá produção de veículos elétricos e gigafábricas já anunciadas, nomeadamente em Espanha. “A indústria está a mover-se e de acordo com o ecossistema, toda a cadeia de abastecimento pode estar a 1.000 e 1.500 quilómetros de distância.”

Recriar a cadeia de abastecimento

Cristobal Moreno, vice-presidente de Engenharia & Desenvolvimento da Aurora, uma joint venture estabelecida pela Galp e Northvolt para criar oportunidades relacionadas com o rápido crescimento da cadeia de valor das baterias, admite que a grande questão é perceber o quão rápido é possível avançar tendo em conta a complexidade de algumas das discussões. Nomeadamente as do foro ambiental, social e de governança. “Estamos igualmente a ver como recriar a cadeia de abastecimento, algo que já existe por exemplo na Ásia, mas não na Europa.” Aliás, para Cristobal Moreno, este é o principal desafio que esta megaindústria irá enfrentar, até para que a Europa se mantenha competitiva.

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